terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Artigo Publicado na Revista Estilo Zona Sul, 13ª Ed. 2012/2013



BOAS FESTAS
Jeanine Bender de Paula
Advogada e Professora Universitária

Com a chegada das festas de final de ano achei propício falarmos sobre os direitos e deveres que fazem parte da relação de consumo, pois é nesse período de maior venda no comércio que ocorre o endividamento, muitas vezes pelo excesso das “comprinhas” de natal. E logo no início do ano há impostos a serem pagos, como IPVA, IPTU, bem como ainda os gastos com lazer, alimentação entre outros. Em verdade, o mais importante para o consumidor é agir com cautela em suas compras evitando agir com impulso, estipulando um valor a ser gasto dentro do seu orçamento.
Com o crescimento do comércio eletrônico a palavra chave é a prevenção, ou seja, é necessário um cuidado redobrado por não conhecermos o fornecedor. Uma regra importante para quem compra pela internet é verificar no site escolhido se há endereço e telefones completos, pois caso ocorra algum problema você tem como buscar esta reparação. Além disso, é interessante o consumidor realizar uma pesquisa em sites de busca acerca daquele determinado fornecedor, se há ou não reclamações por não cumprirem o contrato. Outro dado relevante é o prazo de arrependimento em compras realizadas fora do estabelecimento comercial que é de sete dias segundo o Código de Defesa do Consumidor e sem a cobrança de qualquer taxa por devolução do produto.
No que tange à qualidade dos produtos as lojas apenas são obrigadas a trocar produtos com vício (defeito), se o fazem é por mera vontade, talvez como forma de manter esse consumidor um cliente fiel. Quanto ao período de permanência do produto na assistência técnica, este é de até 30 dias para o efetivo conserto, caso contrário o consumidor poderá exigir seu dinheiro de volta. O prazo para reclamar de um bem não durável como os alimentos é de 30 dias e de 90 dias, para bens duráveis, como os eletrodomésticos. Assim, a partir destas regras básicas estaremos construindo uma relação voltada pela ética e boa-fé entre os personagens principais deste negócio, de forma consciente e clara. Boas Festas!

Artigo Publicado na Revista Estilo Zona Sul, 11ª Ed. 2012



CULTURA x CONSUMO
Jeanine Bender de Paula

Sabemos que a cultura está vinculada diretamente com a nossa forma de vida, e abarca questões relacionadas com as crenças, as ideias, os valores a moda, as relações familiares, o lazer, os símbolos, a tecnologia entre outros. A definição de cultura é bem ampla e esta não se desenvolve sem uma sociedade e nem uma sociedade se desenvolve sem ela, pois adquirem habilidades e expressões próprias. No que tange ao consumo, este atravessa todas as esferas da vida social, incluindo alimentação, vestuário, transporte, habitação, relacionamentos, e é nesta seara que os indivíduos estão direcionando o caminho para atender essas demandas, no qual incluem implicações políticas, sociais, econômicas e culturais.
            No entanto, nossas práticas atuais de consumo, têm nos exigido mudanças de comportamento, tendo em vista a variedade de produtos e serviços disponíveis no mercado de consumo, e ainda de como estes produtos tem adquirido um status de descartabilidade e efemeridade. Na verdade, esses eventos estão correlacionados com a era da informação e na busca contínua por mercadorias, ou seja, o consumo tem sido uma das expressões fundamentais da vida social na modernidade, bem como um desafio a ser enfrentado por cada indivíduo, que precisa decidir o que adquirir, com o que gastar e em que investir a cada instante! Como fator preponderante nestas decisões, temos a mídia promovendo novos desejos e necessidades, de forma tão corriqueira que nosso inconsciente já entende ser natural.

Por outro lado, o consumo desempenha certas funções sociais, como construir e fortalecer a nossa própria identidade cultural, ou seja, com o consumo, nos reconhecemos como cidadãos, refletindo a sociedade em que vivemos, ele é necessário para a busca de uma autoafirmação, no qual envolvem princípios e valores, confirmando a própria essência do indivíduo, a de como ele se vê e como os outros o vêem, isto é, uma troca de identidades.
O intuito aqui é de propor uma reflexão e não tem cunho racional e nem moralista, até porque estamos diariamente consumindo e usufruindo dos bens que nos são apresentados, envolvendo toda uma economia de mercado. O cerne da questão são as consequências desse consumo, muitas vezes demasiado, facilitando em abundância o crédito. O contraponto está em nosso conhecimento, pois sabemos os fatores envolvendo a saúde, o ambiente, o endividamento familiar e ainda, consumimos além do necessário, estimulando o consumo indiscriminado. Toda a sociedade precisa rever o seu papel, mudando conceitos, atitudes e hábitos, tirando proveito das novas tecnologias que nos dão suporte para formarmos um novo diálogo, mantendo uma educação satisfatória, hoje e sempre!



Artigo Publicado na Revista Estilo Zona Sul - 12ª Ed. 2012



Cultura, Consumo e Envelhecimento
Jeanine Bender de Paula
Advogada e Professora Universitária

O Brasil está envelhecendo. Dados do IBGE apontam para uma transição demográfica que vem modificando a estrutura etária da população brasileira. O motivo maior está na diminuição das taxas de natalidade e o aumento da tecnologia na saúde. As práticas de consumo na Terceira Idade estão diretamente relacionadas a esse envelhecimento demográfico, mas respondem também a como a sociedade se comporta em relação aos idosos considerados desvalorizados e vulneráveis.
Sabemos como a velhice é vista em nossa cultura com diversos adjetivos depreciativos, pois no imaginário emocional da população o termo velhice é tido como decadência, decrepitude e perda da dignidade, ao contrário de outras sociedades que os definem e valorizam como indivíduos com um grande conhecimento e sabedoria. Por outro lado, a cultura do consumo contemporânea está transformando velhos ditados de que o idoso já se resignou em relação às traições do próprio corpo, apresentando meios que possam demonstrar a vitalidade, a juventude e ainda serem considerados atrativos.
E é diante desse aumento progressivo da população idosa que a publicidade, considerada símbolo do consumo, tem enxergado um novo nicho em expansão, pois o lazer, o turismo, o crédito já se encontram na órbita desse público que tem se mostrado exigente. A mídia, através da publicidade, é um dos fatores preponderantes na determinação do comportamento dos indivíduos em relação ao consumo, pois ‘induz’ as necessidades destes consumidores, porém, trabalha considerando o conjunto da realidade econômica e cultural, isto porque os desejos de consumo não são naturais, e sofrem modificações constantes.
E o consumo consciente na terceira idade? Segundo algumas pesquisas as pessoas acima dos 60 anos apresentam uma maior experiência de vida, sendo capaz de formar percepções instantâneas dos produtos e serviços, contudo precisam de um tempo maior para entender realmente o que quer o fornecedor. É nesse contexto acerca da modernidade, mercantilização das relações sociais e publicidade que se torna relevante pensar as transformações que ocorrem com o envelhecimento e as imagens que decorrem desse processo, pois a Terceira Idade vem se afirmando entre os novos mercados potenciais em termos de crédito e consumo. 
E para pensarmos, deixo aqui algumas indagações: e o que dizer do papel dos meios de comunicação na afirmação de valores sociais e formas de comportamento que podem vir a influenciar uma decisão de investimento ou endividamento no caso desses indivíduos? Em que medida a mídia influencia as reflexões dos idosos que, conscientes ou inconscientes, visam o reconhecimento social e identitário a partir daquilo que eles produzem e consomem em sociedade? E os anseios de serem tratados e atendidos com dignidade?
Em minha opinião uma educação para o consumo consciente particularizada para o idoso tem como essência, primeiramente, a revalorização de suas próprias capacidades, com o intuito de incluí-los em uma sociedade moderna repleta de novas tecnologias e novos direitos, evitando que eles olhem, apenas com óculos do passado, ou seja, a proposição é a de pensar o envelhecimento de forma diferenciada.